Esperava poder contar estas histórias no Rádio Clube., somando-as a outras 70 que lá contei sobre a minha luta contra um cancro. Não vai acontecerr! A PRISA/MCR, vai despedir-me... Despede-me, ok...mas não me cala. Continuarei aqui esses relatos

Estou de baixa e fui despedido.


Mas talvez a coisa mude se as pessoas souberem que é possível sermos despedidos mesmo que gravemente doentes!

 

Recapitulando:


Quando se tornou público que o meu nome integrava uma lista de profissionais do Rádio Clube alvo de um despedimento colectivo, todos me diziam: “Impossível! Estás de baixa ninguém te pode despedir!” Mas a verdade é que podem, e os meus empregadores, goste-se, ou não, fizeram tudo dentro da Lei
 

Não é fácil passarmos por uma situação destas. É tudo legal, e não deixa de ser muito injusto. Mas no meu caso, seria igualmente grave eu não por de lado a angústia e ficar calado. Sendo jornalista, confrontando-me com a ideia de que afinal estamos perante um terrível engano, pedi ao Professor Garcia Pereira para me ajudar a fazer alguma luz sobre este tema.

 

Isto na convicção de que haverá colegas meus que aprofundem este tema,  desfaçam o engano, e esclareçam os portugueses.
 

Aqui fica o desafio…
 

Pedro Beça Múrias:  Afinal é possível despedir alguém que está de baixa! No entanto a maioria das pessoas pensa o contrário!
 

António Garcia Pereira: Na verdade, durante muito tempo era usual dizer-se que se alguém estava de baixa não podia ser despedido. Mas o facto é que isso era mais uma prática, ou até a imposição de algum normativo da Contratação Colectiva, do que uma solução da Lei, nos termos da qual essa impossibilidade de despedimento nunca esteve prevista.
 

PBM: É quase um mito urbano, então!  “Estou de baixa ninguém me despede!” De onde pensa que terá surgido essa ideia tão generalizada e tão profundamente instalada nas nossas cabeças?


António Garcia Pereira: Creio que esse ponto de vista terá decorrido da circunstância ou de a baixa ser prolongada (mais de 30 dias) e se entender que, estando o contrato suspenso, o empregador ficaria impossibilitado de exercer o poder disciplinar (o que, correspondendo à Justiça e ao bom senso, não encontra todavia eco no regime legal), ou de a situação de doença ser de tal maneira grave que o trabalhador fica impossibilitado de se defender ou de se pronunciar adequadamente (e aí, parte da doutrina tem considerado que não é legítimo confrontar o mesmo trabalhador com o decurso de prazos que podem ter consequências muito relevantes para a respectiva relação de trabalho).
 

PBM: O que terá acontecido à Justiça e ao bom senso, que evitavam estes casos?
 

António Garcia Pereira : Vivemos outros tempos. Os Tribunais agora até já entendem que nem uma crise cardíaca gravíssima nem sequer a morte do Advogado constituído por um determinado cidadão faz suspender a instância do respectivo processo, já praticamente tudo é possível. Ou seja, temos julgadores ao mesmo nível dos empregadores que actuam como o seu!


Agora, e como é óbvio, seja qual for a solução jurídico-formal que se perfilhe, promover o despedimento de alguém que se encontra doente, e sobretudo gravemente doente, constitui um acto inqualificável que em qualquer sociedade minimamente civilizada deveria suscitar a crítica e o repúdio unânimes. 
 

PBM: No meu caso que foi mais ou menos público, ainda houve quem escrevesse ao Cebrian, o CEO da PRISA, dona da Media Capital.  Mas recebi mensagens de muitas pessoas dizendo-me que lhes tinha acontecido algo de muito semelhante.  A essas pessoas ninguém as defende.
 

António Garcia Pereira : A questão é que entre nós se vem assistindo, muito em particular na área das relações de trabalho, a uma crescente "banalização do mal", de que a indiferença e as indemnizações provocatoriamente miserabilistas que os nossos Tribunais de Trabalho habitualmente fixam nos casos, mesmo nos mais graves, de puro e duro assédio moral constituem um tão lamentável quanto significativo exemplo. Mas não nos calaremos nunca perante essas manifestações de autêntica barbárie.

 

Até porque, como dizia Martin Luther King, "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons"...
 

PBM

publicado por Novas Crónicas da Sala de Espera às 11:07 | link do post

Estávamos a 13 de Maio. Dia em que foi apresentado o livro do meu pai, "E o Salazar Nunca Mais Morre". Publicadas 22 anos após a sua morte, em 1987, emergiam finalmente todas as emoções das cartas de África que escreveu à minha mãe quando estava na guerra em Angola em 1963.

 

Eu não ia estar lá para assistir.
 
A frustração era mais do que aquilo que é normal suportar-se. 

 
Não consigo descrever por palavras o quanto gostava de ter podido ir a essa apresentação. Mas em duas semanas fora operado duas vezes. A primeira, a 27 de Abril, para extrair o tumor. A segunda, cerca de uma semana depois, para resolver um complexo problema pós-operatório, que me ia matando também. Portanto, ali estava eu, tal como vi o meu pai pela última vez: deitado na cama de um hospital.
 
Nunca mais tive um amigo como o meu pai. Tenho bons amigos, certamente, mas nada nunca superou essa nossa amizade. "Não sei se gosto mais do amigo, se do filho", escreveu-me ele um dia. Não sei se gostava mais do pai se do amigo, repito eu para mim quase todos os dias. Só mesmo o amor que sinto pela minha filha faz sombra a esse sentimento.
 
Passei esse dia entre memórias, num duplo papel de pai e de filho: ora revivendo a última troca de olhares que tive com o meu pai, nos Cuidados Intensivos do Curry Cabral, dias antes da sua morte, ora relembrando o abraço que a minha filha me deu quando ela e a mãe me deixaram no hospital um dia antes da operação.
 
"Esta é a minha Guerra de África", lembro-me bem de pensar nisso. Sem Sanzalas, sem espingardas G3, sem balas. Sem cartas, nem madrinhas de guerra, sem fardas nem fardados. Mas sem dúvida uma luta pela vida; uma luta contra um inimigo mortal que usa a metástase como metralha para matar as vítimas inocentes que o destino escolhe como um atirador furtivo.

 

Dias depois fiz anos, a 20 de Maio. Recebi a visita da minha filha que me trouxe um pequenino bolo com uma vela.
 
O meu pai não teve essa sorte. Nunca me teve a seu lado quando as balas sibilivam por cima da sua cabeça.  

 

PBM

publicado por Novas Crónicas da Sala de Espera às 18:12 | link do post

Nota inicial!

 

No livro "Cartas a um Jovem Jornalista", da autoria de Juan Luís Cebrian, CEO da PRISA, grupo de Comunicação Social ao qual pertence o Rádio Clube, um velho e experiente jornalista escreve a  Honório, aspirante à profissão, convidando-o a algumas reflexões sobre o jornalismo.

 

Li na diagonal. E achei quelhe faltava algo. Aqui fica a minha sugestão ao sr. Cebrian para que a obra fique realmente completa.

 

Espero que gostem.

 

PBM 

 

****

 

Madrid, 15 de Novembro de 2009

 

"Caro Honório,

 

Tantos anos passados, desde a nossa última conversa...

Lamento saber, sinceramente, que estás para abandonar a nobre
profissão de jornalista. Fiquei atónito (mas quem sou eu para te
criticar quando também eu segui um caminho (quase) divergente do jornalismo ao
aceitar ser o CEO da PRISA).

 

Não imaginas o quanto me sinto frustrado com essa tua decisão! Uma
perfeita bizarria, devo dizer-te.

 

É de ti, da tua geração, não da minha, que depende o dia de amanhã do
jornalismo. O futuro não é, realmente, um futuro fácil; mas os
compromissos que o jornalismo moderno continua a assumir, ainda
apontam o mesmo caminho de sempre: o caminho da intervenção cívica e
da defesa da verdade.

 

É isso que faz com que o jornalismo continue a viver uma vida
saudável, fazendo funcionar a Democracia, vivendo vidas separadas do
poder, dos interesses; até da indústria da propaganda e das relações
públicas. É isso que faz com que as pessoas continuem a acreditar no
que escrevemos.

 

Não é de facto uma tarefa fácil. Mas tu estavas à altura. Não foi por
acaso que te escolhi entre tantos outros...

 

Tens razão quando dizes que não está ao nosso alcance limparmos todas
as lágrimas de todos os olhos do mundo, mas a obrigação do jornalista
é tentar. Tentar sempre!

 

Como diria Martin Luther King, só conseguem montar-nos, se nós
andarmos de costas curvas. E tu nunca serias homem para tal.  Daí a
minha frustração, caro Honório, pois confiava em ti para seres um dos
guardiões da independência do jornalismo, defendendo-a do arregimentar
das mentes, defendendo-a dos interesses e das agendas dos políticos,
dos grandes grupos económicos.

 

Mas respeito a tua decisão. Deixas esse combate para outros. Estás no
teu direito! Afinal de contas, tentaste escrever uma história que
comprometia gente poderosa com influência sobre o jornal onde
trabalhavas. Não é caso único. Em Lisboa aconteceu o mesmo a uma colega tua.

 

Concordo quando citas o General George Washington (como vês este é um velho problema). A citação - que Al Gore também faz na sua obra "O Ataque à Razão" - contém a metáfora perfeita para me explicares como realmente te sentes: "Se os homens
forem impedidos de expressar os seus sentimentos sobre um assunto
susceptível de acarretar as consequências mais graves e mais
alarmantes que a humanidade possa imaginar, a razão não nos serve de
nada; a liberdade de expressão poderá ser retirada e, mudos e
silenciosos, seremos conduzidos como cordeiros ao matadouro."

 

Nem de propósito. Chegam-me de Lisboa as ondas de choque de um
despedimento de um jornalista que está doente com cancro. Um
jornalista que apesar da doença não perdeu a coragem, e contou,
diariamente, com era a sua vida nas salas de espera dos hospitais onde
fez tratamentos.

 

Trabalhou até à véspera de ser operado. E foi despedido quando já se
preparava para voltar. A rádio onde tudo isto aconteceu pertence ao
grupo PRISA que dirijo.

 

O verdadeiro jornalista não deixa de sentir-se moralmente fraco quando
deixa que o obriguem a dizer uma coisa quando pensa outra.

Por outras palavras, não me sinto jornalista quando a própria máquina
que dirijo, esmaga, atropela, mata o futuro de alguém como este nosso
camarada de armas, e eu sou obrigado a virar a cara para o lado,
deixando na gaveta as notas de uma história de desumanidade, ou mesmo
de terrorismo, que eu próprio teria querido ser o primeiro a contar
se estivesse ainda a trabalhar numa redacção!

 

Por isso mesmo, parte, amigo Honório. O jornalismo de que te falei
nesta longa carta, se calhar morreu!

 

Um abraço

 

JLC

publicado por Novas Crónicas da Sala de Espera às 18:38 | link do post

Estoy seguro que usted en este momento tiene conocimiento de que uno de los visados del plan de despidos en Portugal de vuestro grupo Prisa es Pedro Murias. Yo no lo conozco y lo que sé de los pocos hechos es lo que leí en un blog de alguién que mucho estimo, un gran periodista Portugues que se llama Carlos Narciso (su blogue se puede acesar en www.http://blogda-se.blogspot.com).

Estoy seguro que a Pedro Murias, si es como yo y como la generalidad de las personas de este País, no le gustaría que estuviera a escribirle este correo, pero es mas fuerte que yo. Cuando se sabe que alguien que recibe la noticia que tiene un cáncer y lucha por su vida, tenga que añadir a eso el echo de que va a perder su labor, lo que me ocurre es que eso solo puede pasar por desconocimiento total de quien lo esté echando a la calle. Porque no conozco las razones del eventual despido, lo unico que le ruego es que por favor se informe de la situación, que le dè un vistazo, estoy seguro que encontrará en ese hombre el valor y la circunstancia suficiente para que la decion correcta sea conservarlo y continuar la gran humanidad ibérica a que llaman emotividad latina y que sin embrago es para mi uno de los mayores capitales de una cada vez mas descaracterizada Europa.
 
TT

publicado por Novas Crónicas da Sala de Espera às 11:45 | link do post
Acordo hoje para o Dia Mundial de Luta contra o Cancro.

 

Diz o Instituto Nacional de Estatística que o cancro em Portugal

origina 40 mil novos doentes por ano.

 

Ou seja, numSporting-Porto, jogado, por exemplo, no hiperactivo

estádio do Algarve, 10 mil pessoas não teriam lugar.

 

Concluo, por isso, que 40 mil portugueses, como eu, receberam

em 2008 uma notícia que os atormenta todas as 24 horas do dia.

Mas sãomuitosmais os portugueses, pais, filhos, irmãos,maridos,

mulheres dos doentes, amigos, que esta doença afecta.

 

O número de mortes anda aí pelos 22 mil por ano, dizem os números

frios do INE!

 

Mas fujamos da estatística.

 

Convido-os a uma viagem até ao terreno, onde a luta contra esta

doença se trava em batalhas singulares, todas disputadas corpo-

-a-corpo contra as metástases.

 

Falemos de Maria, nome que invento para falar de uma mulher

bonita que conheci há uma semana no Hospital dos Capuchos.

 

«O Pedro vai passar a andar à moda, quando lhe cair o cabelo.

Os homens agora andam todos de cabelo rapado», disse-me ela,

com uma voz doce, mas, ao mesmo tempo, segura.

 

Tentava tranquilizar-me, ser solidária, oferecendo-me aquilo que

eu sabia que lhe está a faltar: afecto*.

 

Maria está desempregada, tem cancro da mama, e o pai do seu

filho de 9 anos anda com o telefone no silêncio.

 

«Ah! Amim, felizmente, não me vai cair o cabelo!», respondi-lhe.

Sem me aperceber, cometi uma gaffe.

 

Indirectamente, Maria pedia-me para que lamentasse com ela a

perda do meu cabelo, como se fosse o seu cabelo que ela se preparava

para ver cair. E desata a chorar.

 

Era o seu primeiro dia na quimioterapia.

 

Um primeiro dia que o INE multiplica hoje, no Dia Mundial de

Luta contra o Cancro, por 40 mil em cada ano.

 

Sinto uma grande urgência em correr para o barbeiro e cortar o

cabelo até à raiz.

 

Em homenagem à Maria!

 

(Crónica lida a 4 de Fevereiro de 2009 no Rádio Clube)

publicado por Novas Crónicas da Sala de Espera às 22:00 | link do post

Estimado Sr. Cebrián,
 
Le escribo con motivo del despido  del periodista Pedro Murias que integraba la redacción de la cadena de radio portuguesa “Radio Clube Portugues” que pertenece al grupo PRISA, en el que Vd. integra el Comité de Dirección y Negocios
 
Conozco al Sr. Pedro Murias desde hace más de 20 años. Mi actividad profesional no es en el área de los “Media” pero sé que profesionalmente, Pedro,  siempre ha dado lo mejor en todos los proyectos por los que ha pasado.
 
Mas reciente, en RCP, donde le recuerdo que tras haber sido diagnosticado como paciente oncológico, seguía trabajando y producía una crónica diaria hablando del tema, la mayoría de las veces de una forma tan sencilla y con tanto humor que generó una ola de “seguidores” que demostraron su agrado llamando por teléfono o enviando correos electrónicos, que culminaron con un fuerte aplauso en la gala de la cadena hace algunos meses.
 
Además, durante el periodo que estuvo en el hospital, tras la intervención quirúrgica al intestino, estuvo “en aire” relatando su experiencia y contando algunas historias de su vida en hospital.
 
En octubre, cuando preparaba su retorno a la radio, fue informado que integraba un grupo de profesionales que iban a ser despedidos, justificado su despido por los problemas financieros de la radio.
 
Es comprensible que algunas veces hay que tomar decisiones difíciles, sobre los trabajadores, aunque no es aceptable descartar a un profesional dedicado, mucho mas en una situación difícil y perfectamente documentada. Como ocurría cuando emitía una crónica diaria en Radio Clube titulada “O cancro não precisa de ser o fim. Pode também ser um começo…” (No es necesario que el cáncer sea el final. Puede ser el/un principio).
 
Como lectora de “El País”, como oyente de Radio Club, y como persona que reivindica un poco de sentido común, de justicia y de humanidad en esta triste historia, le escribo en señal de profunda indignación por lo que ha ocurrido. Cualquier grupo u  organización solo suele tener éxito si hay una actitud correcta y clara en su interior. Si no pecará siempre de no tener una estructura fuerte, con trabajadores poco seguros y sin motivación, que es lo que está ocurriendo en Radio Clube Portugués.
 
Quedo a su disposición para cualquier aclaración que necesite,
Atentamente,

MR

publicado por Novas Crónicas da Sala de Espera às 15:08 | link do post

Foi mais uma daquelas noites em que havia anjos na enfermaria a fazer horas para levar um de nós.

Mais uma vez misturados entre os enfermeiros e os médicos, havia ali figuras aladas à espera…
Desta vez, esperavam pelo senhor Joaquim. 
Ele era um velho muito velho e estava sempre de boca aberta e a tossir. Naquela noite faltou-lhe o ar ainda mais do que era costume. Pelo monitor, que estava virado para mim, vi bem que aquele coração já não batia para viver.  Assim como nenhum coração batia por ele.
Morria ali um homem só. Um homem que ninguém visitava, a não ser um amigo que passava as horas da visita calado aos pés da cama. De resto só tinha os meus sorrisos (às vezes forçados) por companhia.
“É hoje que te vais amigo! Trocamos olhares pela última vez…” – disse para mim.
E assim foi.
Costuma dizer-se que no momento da morte revisitamos os momentos e as pessoas que mais marcaram as nossas vidas.
Não acredito que fosse esse o caso do senhor Joaquim. De tão debilitado que estava, acredito que tudo o que revisitasse, o faria como se o vivesse pela primeira vez (só assim se compreendem alguns sorrisos que se lhe soltavam uma vez ou outra).
Ao contrário, somos nós, aqueles que assistimos impotentes ao fim de uma vida, ali diante dos nossos olhos, que nos agarramos às nossas memórias. Aos que mais amamos. Sentimos o medo, o verdadeiro medo da morte.
De resto  da morte dos outros pode fazer crescer em nós uma a grande vontade de viver.  
Falo por mim. Nessa noite decidi que ia lutar com mais força para sair daquela enfermaria, onde já estava há bem mais de dois meses.
Quanto ao senhor Joaquim, quando acordei no dia seguinte já não estava lá…
PBM
publicado por Novas Crónicas da Sala de Espera às 22:08 | link do post

Sou jornalista do Rádio Clube, e escrevo para lhe contar o que se está
a passar comigo.

Apesar de não ser actualmente associado do SJ, penso que é meu dever
dar-lhe conhecimento desta situação que considero de rara gravidade, e
um mau prenúncio para o futuro.

Em Dezembro de 2008 foi-me diagnosticado um cancro no recto. E logo se
me colocaram no meu horizonte tratamentos de quimioterapia e
radioterapia, antecipando uma operação para remover o tumor. Essa
operação aconteceu a 27 de Abril de 2009.

No espaço de tempo entre o dia do diagnóstico e a operação nunca
faltei ao trabalho, excepto nos dias de tratamento de quimioterapia
via intravenosa. Antes pelo contrário, motivado pelos colegas do
programa Janela Aberta (no ar todas as tardes), passei a assinar umas
crónicas diárias  – as Crónicas da Sala de Espera – onde contava o meu
dia-a-dia como jornalista, e como doente de cancro, nos hospitais onde
fazia os meus tratamentos.

Fiz também alguns directos da sala de tratamentos de Quimioterapia,
usando o braço que tinha livre para falar ao telefone.

Quando na Gala do Rádio Clube, realizada em meados deste ano, no
Auditório da Aula Magna da Universidade de Lisboa, fui aplaudido de pé
pelos dois mil ouvinte dos Rádio Clube, durante vários minutos, senti
que todo o meu esforço, pois disso de tratou, estava a valer a pena.
Estava a chegar às pessoas.

Enquanto isso não parei de receber e mails de ouvintes, ora a
agradecer por haver uma voz no Rádio Clube, alguém que estava a passar
pelo mesmo e a sentir o mesmo que eles, ora a incentivar-me a
continuar.

Depois da minha operação fiz mais alguns directos, deitado na cama do
hospital. E no dia em que tive alta, aceitei mais um convite do
programa Janela Aberta, e entrei em directo no Rádio Clube, tendo
passado pelo estúdio antes até de ir para casa,  após dois meses e meio de
internamento.

Veio o Verão, vieram as férias, e a nova administração afasta o
director, Luís Osório, de quem fui colaborador
directo, desde o arranque do projecto.

Em Agosto escrevi ao novo director, queria voltar, e continuar a dar o
meu melhor pelo Rádio Clube.

A resposta que recebo é esta:

“Olá, Pedro.
Obrigado pelo abraço. Quanto ao resto, a Saúde vem primeiro. Não te
preocupes com trabalho agora. Recupera no tempo que for preciso.
Depois falamos com calma dessas ideias e desse teu combate titânico
mas também admirável com a doença.
És um exemplo inspirador para quem já passou ou venha a passar pelo
mesmo que tu. Acho mesmo.
Coragem, rapaz!
Outro abraço.
Vítor”

Há dias fui convocado pela actual administração. Logo percebi que ia
ser informado de que integrava uma (anunciada) lista de colaboradores
da MCR, alvo de despedimento colectivo, tendo já sido notificado por
escrito.

Do novo director, não recebi qualquer palavra prévia, ou mesmo
posterior à reunião que tive com a Administração do RCP, na pessoa de
João Vigário.

publicado por Novas Crónicas da Sala de Espera às 22:29 | link do post
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